Que a pandemia e seus reflexos na saúde e economia do Brasil pegou todo mundo de surpresa, não é novidade. O que estranha mesmo é a velocidade e a dimensão do estrago que esta crise provoca e pode provocar ainda mais nos mercados, especialmente, no cerne de indústrias e distribuidoras que não fizerem corretamente a tarefa de casa.
Ser rápido e flexível nunca foi um imperativo tão indispensável para proprietários e gestores de empresas quanto nos dias de hoje. É evidente que tomadas de decisões certeiras e rápidas precisarão fazer parte da agenda diária destes administradores.
Vejam só, em 9 dias a diretoria da empresa aérea Gol redesenhou completamente as estratégias da empresa, redesenhou suas operações e estruturou ações que preveem a sobrevivência da empresa ante um cenário apocalíptico de queda de até 92% de suas receitas por até 3 meses. E junto a isso, o cancelamento da incorporação da Smiles aso 45 do segundo tempo, tida como praticamente certa pelo mercado. Uma verdadeira operação de guerra foi montada e suas tropas saíram a luta.
O que esse exemplo pode ensinar aos proprietários de revendas e indústrias no agronegócio?
1. Em momentos de volatilidade e incertezas em que se conjugam um número de fatores nunca antes visto (emergência na saúde, mercados em queda desenfreada, dólar em disparada, demanda irregular...) sem o mínimo de previsibilidade, exigem estratégias conservadoras, do ponto de vista mercadológico e financeiro. Ousadia é ótimo, mas pé no chão neste momento é mais ótimo ainda!
2. É momento de atenção especial em estratégias que visem a eficiência operacional e financeira. As contas estão vencendo nos próximos dias. O farol precisa mirar os recebimentos;
3. As operações não podem parar,
seja porque o tempo literalmente não para, seja porque podemos ter impactos nos recebimentos. A china ficou parada por 45 dias, podemos ter um delay importante aí nos prazos para importação de matéria prima;
5. Mais do que nunca, é momento de construir pontes estratégicas com seus parceiros fornecedores. A indústria precisa vender e receber; o distribuidor baixar estoques e fazer o dinheiro entrar no caixa; já o produtor, que os insumos cheguem no momento certo. Três elos com necessidades que, quando bem trabalhadas, podem convergir em pontos em comum;
Ter a consciência de que não existe receita de bolo pronta numa live de guru financeiro que brota aos montes na internet parece-me ser um bom começo. Tempos como este exige sólidos fundamentos em gestão, especialmente financeira e operacional, com conhecimento aprofundado da realidade de cada empresa e da dinâmica de seus mercados. Apenas para lembrar, milagres não existem!